Justiça reconhece erro da Polícia Federal e manda arquivar parte de inquérito que investigava secretário de Fazenda de Maringá por lavagem de dinheiro

  • 09/12/2025
(Foto: Reprodução)
Justiça determina arquivamento de nome de secretário da Fazenda em processo da PF A Justiça Federal determinou o arquivamento de parte de um inquérito da Polícia Federal (PF) que investigava o secretário de Fazenda de Maringá, no norte do Paraná, Carlos Augusto Ferreira. Ele era suspeito de estar envolvido em um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico internacional. Após o celular dele ser apreendido durante a segunda fase da Operação Mafiusi, em outubro deste ano, a polícia descobriu que o "Carlos" citado em conversas entre os integrantes do esquema não era o secretário. Na época, carros de luxo e itens pessoais dele foram apreendidos. No pedido de arquivamento, a Justiça também solicitou a devolução dos veículos e objetos a Ferreira. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Maringá no WhatsApp O pedido de arquivamento foi feito depois que a PF e o Ministério Público Federal informaram à Justiça que, após novas diligências, ficou comprovado que o secretário não tem envolvimento no esquema investigado. Carlos Augusto Ferreira, secretário da Fazenda de Maringá. Reprodução/Redes sociais Os órgãos disseram à Justiça Federal que Ferreira foi inicialmente incluído no inquérito por uma "associação equivocada de mensagens de WhatsApp que mencionavam 'carlão pim' ou 'carlos pim banc'". Para o MPF, a situação "decorreu exclusivamente de homonímia" e da "breve passagem" do secretário pela instituição financeira digital Pinbank, em 2024. Entenda o caso abaixo. Em entrevista coletiva na segunda-feira (8), Ferreira comentou o caso. "Isso está em um relatório que o próprio delegado preparou. É um relatório de encerramento preliminar [...] em que ele coloca que só foi possível discernir que eu não era aquela pessoa depois de ter apreendido o meu telefone celular e que, à época, o banco de dados da Polícia Federal apontava que eu era aquela pessoa", disse Ferreira. O g1 questionou a Polícia Federal sobre o erro, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. O secretário chegou a se licenciar por um mês dos trabalhos na Prefeitura de Maringá, para se dedicar ao esclarecimento da situação. Em nota, o secretário disse que gastou recursos próprios com perícias e equipes jurídicas especializadas para provar a inocência. Leia abaixo a nota na íntegra. Carros de luxo apreendidos na casa do secretário da Fazenda de Maringá. PF Leia também Postou 'stories' no exterior: Juiz do Paraná é suspeito de morar fora do país enquanto deveria cumprir expediente presencial Investigado por pedofilia: Morador do PR se torna suspeito de instalar câmera em banheiro Resultado: UEL divulga lista de aprovados no Vestibular 2026 Polícia acreditava que o secretário era quem trocava mensagens com um operador financeiro do esquema O documento que fundamentou a autorização do cumprimento de mandados contra investigados na segunda fase da Operação Mafiusi em outubro, citou trocas de mensagens entre um homem identificado como "carlos pim banc" e o operador financeiro do esquema, entre 2022 e 2024. Na época, a investigação apontava que o Carlos citado nas conversas era o secretário de Maringá, uma vez que o atual secretário foi, por um breve período, o presidente da Pinbank, uma instituição financeira digital (empresas conhecidas como fintechs). As conversas, segundo a investigação, indicavam que Ferreira era quem oferecia "a estrutura da fintech para movimentação de recursos" cuja origem é suspeita. Operador financeiro do esquema pediu ajuda ao secretário da Fazenda de Maringá em transferência de R$ 40 mil, segundo investigação. Reprodução Contudo, em nota enviada ao g1 na época, o Pinbank informou que Ferreira foi Diretor-Presidente por 18 dias e não tinha "poderes para representar ou se manifestar em nome da companhia". O vínculo, conforme o banco, não existe mais. Em entrevista à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, Ferreira também havia dito que o número telefônico que constava no documento era de Miami e de um dos sócios do Pinbank, cujo nome também é Carlos. "Eu comuniquei eles, que tomaram as providências de comunicar ao Ministério Público espontaneamente, deixando claro que eu não sou essa pessoa", disse à RPC. Em nota ao g1, o Pinbank informou que procurou as autoridades para informar a situação. "O Pinbank informa que foi comunicado sobre a questão e que procurou prontamente as autoridades competentes e segue à disposição para esclarecer todos os fatos com transparência e celeridade. A Empresa também reitera que o Secretário da Fazenda de Maringá, Carlos Augusto Ferreira, foi indicado em 17 de abril de 2024 para o cargo de Diretor-Presidente da instituição, permanecendo designado por 18 dias, período em que atuou apenas como consultor, sem poderes para representar ou se manifestar em nome do Pinbank. A designação não chegou a ser efetivada e foi posteriormente suspensa por não atender os requisitos formais." Defesa do secretário Carlos Augusto Ferreira - Secretaria da Fazenda Redes sociais "A decisão da 23ª Vara Federal de Curitiba confirmou aquilo que Carlos Augusto Ferreira sempre afirmou com serenidade e firmeza: sua total inocência. Após 43 dias de exposição indevida e de uma investigação que o incluiu por um erro técnico da base de dados da Polícia Federal, o secretário da Fazenda de Maringá teve seu nome oficialmente arquivado, retirado de todas as páginas do inquérito da “Operação Mafiusi” e teve todos os seus bens devolvidos. O Ministério Público Federal também reconheceu não existir qualquer indício que justificasse a continuidade das medidas judiciais anteriormente adotadas, reforçando a correção da decisão. A Justiça determinou, inclusive, a retificação completa do inquérito, assegurando que Carlos Augusto não possui qualquer relação com o caso investigado. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (8), o secretário compartilhou a trajetória dura e ao mesmo tempo reveladora que enfrentou para restabelecer a verdade. Mesmo após ter gasto recursos próprios, inclusive com perícias e equipes jurídicas especializadas para demonstrar que a voz analisada não era sua e que o telefone investigado pertencia a outra pessoa, Carlos Augusto manteve uma postura pública de respeito e equilíbrio. Com maturidade, afirmou que não faria ataques às instituições, reconhecendo que “todos estão sujeitos a erros” e que situações como esta devem servir como aprendizado. Essa postura, rara e admirável, evidencia não apenas coragem, mas compromisso ético com o serviço público. A cronologia dos fatos mostra que o equívoco teve origem em uma mensagem enviada a um “Carlão” residente nos Estados Unidos, ligado a uma fintech com a qual o secretário chegou apenas a discutir consultoria, negociação que nunca se efetivou. Em poucas horas, por conta própria, Ferreira conseguiu comprovar que o telefone não era seu e que o áudio não lhe pertencia. As autoridades, após análise aprofundada, chegaram à mesma conclusão. O relatório da própria Polícia Federal, citado pelo secretário, reconhece que somente após a apreensão e análise do celular de Carlos Augusto foi possível constatar que ele não era a pessoa mencionada na investigação.= Ao final, Carlos Augusto deixa um exemplo de transparência, resiliência e confiança na Justiça. Seu comportamento durante todo o processo, marcado por serenidade e responsabilidade, reforça sua reputação de gestor íntegro, técnico e comprometido com Maringá." Operação Mafiusi O objetivo da operação, segundo a PF, é desarticular o núcleo financeiro de uma organização criminosa que movimenta e faz a lavagem do dinheiro do narcotráfico internacional. Para isso, foi apurada a existência de uma rede de pessoas físicas e jurídicas. A primeira fase da Operação Mafiusi foi deflagrada em dezembro de 2024. À época, a investigação apurou que o dinheiro é movimentado em espécie e por câmbio paralelo. Para isso, eram usadas fintechs e empresas de fachada. Documentos fictícios foram criados para justificar a origem dos valores, forjando serviços de locação de veículos e máquinas, por exemplo. Há também a suspeita de que o mesmo grupo pagou R$ 9.250.000,00 em cotas do São Caetano Futebol Clube, de São Paulo, com o dinheiro do tráfico internacional. Esse valor, conforme a investigação, foi dividido em parcelas, com entrada de R$ 5.300.000,00 antes da assinatura do contrato. Em nota, o clube disse que a ligação com as pessoas investigadas acabou há "vários anos". Também afirmou que a gestão atual é composta por profissionais com décadas de atuação no futebol. Leia abaixo o comunicado na íntegra. O São Caetano Futebol Clube esclarece que algumas das pessoas mencionadas na nova fase da Operação Mafiusi, deflagrada nesta quinta-feira (16) pela Polícia Federal, tiveram vínculo com o clube apenas por um curto período de tempo, em gestões anteriores, não sendo pessoas oriundas do meio esportivo. Essas pessoas deixaram de exercer qualquer atuação perante o São Caetano Futebol Clube há vários anos. O Clube é administrado por uma gestão profissional, composta por dirigentes e colaboradores com comprovada atuação no futebol há décadas, e nunca tiveram mácula que desabone sua atuação profissional. Desde então, o São Caetano Futebol Clube vem passando por um amplo processo de reestruturação e fortalecimento institucional, com foco na transparência, na gestão responsável e na valorização do esporte, inclusive o clube obteve na Justiça o deferimento de seu pedido de recuperação judicial, medida que tem permitido a organização de sua estrutura administrativa e financeira, garantindo maior eficiência, sustentabilidade e capacidade de retomada de seu histórico papel de destaque entre os grandes clubes do futebol brasileiro. Nos últimos anos, o São Caetano tem alcançado importantes conquistas no futebol, além de formar e revelar diversos atletas profissionais, que hoje representam o clube em competições oficiais como o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil. O clube reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e o desenvolvimento do esporte, colocando-se à disposição das autoridades competentes para qualquer esclarecimento que se faça necessário. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2025/12/09/justica-erro-da-policia-federal-arquivar-inquerito-investigava-secretario-de-fazenda-de-maringa.ghtml


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