Com Paraná sendo o maior exportador de tilápia no país, espécie pode entrar na lista de invasoras exóticas
28/10/2025
(Foto: Reprodução) Tilápia poderá ser classificada como espécie invasora
A tilápia pode entrar para a Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras no Brasil, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Esta análise, conforme o comunicado, é de caráter técnico e preventivo. Em 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) contabilizou que foram exportadas 7,6 toneladas desta espécie de peixe pelo Paraná - representando aproximadamente 70% da exportação total deste produto pelo Brasil.
Em nota, o MMA explicou que trata-se de uma discussão de caráter técnico e preventivo. Entretanto, também destacou que não há qualquer proposta ou planejamento para interromper essa atividade.
Para os pesquisadores, a preocupação é com a criação aberta do peixe, feita com redes e tanques dentro de rios e reservatórios de hidrelétricas.
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Mário Orsi, biólogo e pesquisador da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no norte do Paraná, explica que as fazendas de aquicultura são comuns em rios como o Paraná, Paranapanema e Iguaçu. Para ele, é um sistema que não se tem controle”.
“Ela pode até causar a extinção pontual de outras espécies”, aponta o biólogo.
Em casos em que as tilápias escapam para o ecossistema nativo, Orsi conta que há risco à biodiversidade. “Ela compete por alimento, modifica o ambiente, a transparência da água, come ovos de outras espécies e compete por espaço, porque é uma espécie muito territorialista”, explica.
A discussão sobre a inclusão ou não da tilápia na lista deve ocorrer na próxima reunião da Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio), ainda sem data marcada.
Paraná exportou mais de sete toneladas de tilápia, em 2024.
Reprodução/RPC
Leia a nota da MMA na íntegra:
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) informa que está em análise, pela Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO), a nova Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), autarquia responsável pela autorização de cultivo de espécies exóticas na aquicultura, permite a criação da tilápia, que grande relevância econômica e cultivo amplamente consolidado no Brasil. Não há, portanto, qualquer proposta ou planejamento para interromper essa atividade.
É importante destacar que a inclusão de uma espécie na lista tem caráter técnico e preventivo, não implicando banimento, proibição de uso ou cultivo. O reconhecimento de espécies exóticas com potencial de impacto sobre a biodiversidade nativa serve como referência técnica para políticas públicas e ações de prevenção e controle.
A eventual inclusão da tilápia na nova lista está sendo amplamente debatida na comissão quanto à prevenção, detecção precoce e resposta rápida em caso de novas invasões biológicas. A avaliação é conduzida de forma colegiada por todos os membros da CONABIO, que reúne representantes de diversos setores do governo e da sociedade.
Integram a CONABIO o MMA e outros onze ministérios, além de autarquias e representantes dos setores produtivo da agricultura, pecuária e indústria, órgãos estaduais e municipais de meio ambiente, universidades e institutos de pesquisa, agricultura familiar, trabalhadores agroextrativistas, pescadores artesanais, povos indígenas e povos e comunidades tradicionais, organizações não governamentais ambientalistas e redes de juventude pela biodiversidade.
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Setor produtivo
O setor piscicultor está na linha de frente das discussões sobre a produção da tilápia, afirma o analista técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Fábio Mezzadri.
“A gente está buscando solucionar o problema para que fique bom para ambas as partes, sem prejuízo para o meio ambiente, mas também sem prejuízo para os nossos produtores”, diz.
De origem africana, a tilápia começou a ser criada no Brasil há 25 anos, com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Edson Henrique do Amaral, por exemplo, é produtor de tilápia em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). No sistema de criação dele, os tanques são abastecidos com água da chuva e de poços artesianos, sem contato com os rios.
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, a maior concentração de produtores de tilápia está na região eeste do estado, em Nova Aurora, Palotina e Assis Chateaubriand.
Criação fechada de tilápias em Piraquara (PR)
RPC
*Com colaboração de Rodrigo Matana, estagiário do g1 Paraná, sob supervisão de Bruna Melo.
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