Foto de vítima de tornado no PR é encontrada a 220 km da casa da família, destruída na tempestade: 'Não ficou nem uma tábua no lugar'
30/11/2025
(Foto: Reprodução) Foto do casamento de Antônio, filho de José, que morreu no tornado
Cedida pela família
Uma foto de José Gieteski, idoso de 83 anos que morreu durante a passagem de um tornado em Rio Bonito do Iguaçu, na região central do Paraná, foi encontrada a cerca de 220 km de distância da casa da família, na área rural de São Mateus do Sul, no sul do estado.
A imagem é do casamento do filho da vítima, Antônio Gieteski. Ao g1, ele explicou que ela ficava em um álbum de fotografias na casa de José, que era de madeira e foi levada pelo vento e ficou completamente destruída.
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"O pai estava com a mãe em casa, como de costume. De repente veio o tornado e, em questão de um minuto, um minuto e 20 segundos, foi como se caísse uma bomba na casa deles. A casa dele foi arremessada uns 30 metros de distância, era uma casa de madeira. Nesse impulso, ele foi junto e as madeiras caíram em cima. [...] Não ficou uma tábua no lugar."
Tornados no Paraná deixam rastro de destruição
Antônio mora na mesma propriedade onde ficava a casa dos pais. A família, formada por produtores rurais, reside a cerca de 8 km do centro urbano de Rio Bonito do Iguaçu e se supreendeu ao descobrir que a foto voou até o outro lado do estado. O tornado, que destruiu 90% de Rio Bonito do Iguaçu, registrou ventos de até 418 km/h. Relembre abaixo.
Segundo ele, quando a foto foi encontrada em São Mateus do Sul, os donos da propriedade a publicaram nas redes sociais para tentar descobrir de quem era, e conseguiram chegar até eles.
"Um pessoal entrou em contato conosco pelas redes sociais, contando que encontraram essa foto em uma lavoura na localidade do Lageado, lá em São Mateus do Sul. Mesmo com a chuva, ela ficou intacta, e eles falaram que vão nos enviar de volta - o que é muito legal, pois perdemos muitos pertences pessoais, além dos bens", disse Antônio, ao g1.
Antônio explica que a família está vivendo um momento de reconstrução, enquanto tenta recuperar o que sobrou das casas e superar o trauma do luto.
Foto que estava em casa de Rio Bonito do Iguaçu foi encontrada em São Mateus do Sul
Gabriel Trinetto Pedrão/Arte RPC
A mãe dele, viúva de José, tem 86 anos e também se feriu durante o tornado. Ela sofreu fraturas na clavícula e costelas e teve diversos hematomas, e se recupera na casa de outra filha, que mora na cidade vizinha de Laranjeiras do Sul.
Para Antônio, receber a notícia de que a foto foi encontrada e, principalmente, que quem a achou se importou a ponto de procurar o dono, é um pequeno alívio para a família.
"Nos comovemos pela atitude deles nos procurarem, com a intenção de devolver a foto. É pra ver que ainda tem seres humanos que prezam pelos outros".
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Rastro de destruição
Rio Bonito do Iguaçu (PR), após o tornado de 7 de novembro
Henrique Cabral
O tornado deixou um rastro de destruição em Rio Bonito do Iguaçu e região. Antônio conta que um sofá chegou a voar cerca de 300 metros e que encontrou, no próprio terreno, pedaços de casas que ficam na zona urbana da cidade, a cerca de 8 km de onde reside.
Rio Bonito do Iguaçu tem cerca de 14 mil habitantes e, segundo a Defesa Civil, quase 1,5 mil casas foram danificadas pelo tornado. Com isso, mais de 11 mil pessoas foram afetadas e cerca de 1,1 mil ficaram desabrigadas ou desalojadas.
Devido às tempestades, seis pessoas morreram em Rio Bonito do Iguaçu, e uma sétima em Guarapuava. No total, segundo as autoridades, ao menos 835 pessoas ficaram feridas no estado e precisaram de atendimento médico.
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O desastre, que foi um dos mais devastadores da história do Paraná, também estimulou debates – tanto sobre as características do estado, que é segundo maior corredor de tornados do mundo, quanto sobre como a intervenção humana na natureza pode deixar a humanidade mais propícia a tragédias ambientais.
Desde o tornado, uma verdadeira força-tarefa que une governo e voluntários tem reconstruído a cidade – que, agora, pouco a pouco, tenta voltar à normalidade.
Tornado de Rio Bonito em imagens:
📷 Veja fotos da cidade em reconstrução
➡️ Cidade amanheceu destruída após passagem de tornado
➡️ Imagens de satélite mostram o antes e o depois da cidade
➡️ Veja mais fotos do antes e depois da cidade
Como foram os tornados que passaram pelo Paraná
Trajetória dos tornados
Simepar
Três tornados passaram por 11 cidades da região central do Paraná no dia 7 de novembro, segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do estado (Simepar).
Os fenômenos foram classificados de acordo com a escala Fujita, que vai de 0 a 5:
tornados de categoria F0 têm severidade leve, com ventos de 65 km/h a 116 km/h;
tornados de categoria F1 são de severidade moderada e tem velocidade do vento estimada entre 116 km/h e 180 km/h;
tornados de categoria F2 têm severidade considerável e velocidade do vento estimada entre 180 km/h e 253 km/h;
tornados de categoria F3 são considerados severos e com velocidade do vento estimada entre 253 km/h e 332 km/h;
tornados de categoria F4 são considerados devastadores, com velocidade do vento estimada entre 332 km/h e 418 km/h;
tornados de categoria F5 são descritos como “incrível”, com ventos entre 418 km/h e 511 km/h.
Veja, abaixo, a classificação feita pelo Simepar:
➡️Tornado 1 passou por Quedas do Iguaçu em categoria F1, por Espigão Alto do Iguaçu em categoria F1, por Nova Laranjeiras em categoria F1, por Rio Bonito do Iguaçu em categoria F4, por Porto Barreiro em categoria F3, por Laranjeiras do Sul em categoria F3, por Virmond em categoria F2, e por Cantagalo em categoria F1.
➡️ Tornado 2 passou por Candói em categoria F2 e pelo Distrito de Entre Rios, em Guarapuava, em categoria F4.
➡️Tornado 3, que passou sobre Turvo em categoria F2.
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