Um ano da queda do avião da Voepass: relembre quem foram as vítimas do Paraná
09/08/2025
(Foto: Reprodução) Um ano da queda do avião da Voepass: acidente deixou 35 vítimas que viviam no Paraná.
Arte g1 Paraná
Das 62 vítimas do desastre aéreo da Voepass, 35 pessoas viviam no Paraná. A aeronave, que fazia o trajeto entre Cascavel, no oeste do estado, e Guarulhos, em São Paulo, caiu no dia 9 de agosto de 2024. Não houve sobreviventes.
Por trás do número, estavam histórias de vidas. Estudantes, profissionais em viagem de trabalho, aposentados, peregrinos cumprindo promessas e casais prestes a iniciar as férias.
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Entre os que viviam no estado, 22 eram de Cascavel. Havia ainda moradores de Toledo, Ubiratã, Guaíra, Palotina, Foz do Iguaçu, Quatro Pontes e Três Barras do Paraná.
As histórias a seguir ajudam a lembrar quem eram essas pessoas e o impacto da tragédia sobre suas famílias e comunidades. Confira abaixo:
Adriana Maria Dalfovo Santos
Adriana Maria Dalfovo Santos foi uma das vítimas da queda do avião.
Arquivo pessoal
De Cascavel, era escrevente em cartório e estudava para concurso público. Aprovada para um cargo em Alagoas, estava a caminho da nova etapa da vida.
Assento: 10D
Assista ao documentário 81 segundos, que relembra o acidente:
81 segundos - a tragédia aérea em Vinhedo
Adriano Daluca Bueno e Raquel Ribeiro Moreira
Adriano e Raquel estavam juntos há 15 anos.
Arquivo pessoal
Adriano tinha 47 anos, era professor de um colégio estadual em Toledo e engenheiro de materiais. Morreu ao lado da esposa, Raquel Ribeiro Moreira, com quem dividia a vida há 15 anos. Raquel era professora da Unioeste, em Cascavel. Era docente credenciada no Programa de Pós-Graduação em Letras da universidade.
Assento: 2A e 2B
Adrielle Costa e Lucas Felipe Costa Camargo
Estudante de direito e mãe são vítimas de queda do avião em Vinhedo
Arquivo pessoal
De Cascavel, mãe e filho viajavam rumo a Aparecida do Norte para cumprir uma promessa. Lucas, estudante de Direito, havia passado na OAB estando ainda no último ano da faculdade.
Assentos: 11D e 12D
Ana Caroline Redivo
Nutricionista Ana Redivo é uma das vítimas do voo 2283
Redes sociais
Nutricionista de Cascavel, viajaria para comemorar o aniversário de 31 anos. Dedicava-se à própria clínica e aos estudos.
Assento: 11A
Antônio Deoclides Zini Júnior e Kharine Gavlik Pessoa Zini
Ex-goleiro de futebol Antonio Deoclides Zini Júnior e a fisioterapeuta Kharine Gavlik Pessoa Zini estão entre as vítimas que estava no avião que caiu em Vinhedo
Fetranspar-BR
Casal de Cascavel. Ele era ex-goleiro e empresário; ela, fisioterapeuta. Viajavam para a Alemanha, onde Kharine faria um curso.
Assentos: 11C e 11B
>>> Mais sobre ele: Empresário tatua foto do irmão que morreu em desastre aéreo da Voepass: 'Quis eternizar para ter ele ao meu lado sempre'
Daniela Schulz Fodra e Hiales Carpine Fodra
Daniela Schultz Fodra e o marido, Hiales Fodra
Divulgação
Moradores de Ubiratã, no centro-oeste do Paraná, ela era fisiculturista e empreendedora. Hiales era policial rodoviário federal. Tinham planos de abrir uma academia juntos.
Assentos: 1B e 1A
Denilda Acordi
Denilda Acordi tinha completado 71 anos dois dias antes do avião cair em Vinhedo (SP)
Divulgação
De Três Barras do Paraná, no oeste do estado, era ministra da Eucaristia e vivia para a caridade. Estava a caminho de Brasília para cuidar da mãe idosa.
Assento: 16C
Deonir Secco
Deonir Secco, uma das 62 vítimas da tragédia aérea em Vinhedo (SP)
Arquivo pessoal
Professor de engenharia agrícola em Cascavel. Viajava para realizar o sonho de conhecer Auschwitz, na Polônia.
Assento: 2D
Edilson Hobold
Edilson Hobold tinha 52 anos e também era professor universitário
Divulgação
Professor universitário e pai de três. Edilson trabalhava na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Marechal Cândido Rondon. Dedicava-se também ao judô e ao ministério Gideões Internacionais.
Assento: 8C
Eliane Andrade Freire
A farmacêutica Eliane Andrade Freire é uma das vítimas que estava no avião que saiu do Aeroporto Regional de Cascavel e caiu em Vinhedo
Conselho Federal de Farmácia (CFF)
Farmacêutica de Toledo, atuava na indústria e viajava para visitar a família em São Paulo.
Assento: 17B
Gracinda Marina Castelo da Silva e Nélvio José Hübner
Gracinda Marina Castelo da Silva e Nélvio José Hubner morreram em acidente aéreo na sexta (9)
Redes sociais
Casal de Toledo. Ela era professora e ex-candidata a vereadora. Ele, procurador da prefeitura. Tinham três filhos.
Assentos: 13B e 13A
Hadassa Maria da Silva e Leonardo Henrique da Silva
Hadassa e Leonardo viajavam juntos
Arquivo pessoal
Casal de Cascavel. Viajavam para compromissos profissionais e lazer. Ele, estudante de Educação Física, fazia seu primeiro voo.
Assentos: 14B e 14A
José Roberto Leonel Ferreira
José Roberto Leonel Ferreira, médico que morreu em acidente aéreo e iria conhecer o neto
Divulgação
Professor aposentado da Unioeste, viajava de Cascavel a São Paulo para conhecer o neto recém-nascido.
Assento: 16B
Josgleidys Gonzalez, Maria Parra e Joslan Perez
Joslan e família, vítimas do acidente da VoePass
Reprodução
Família venezuelana que vivia em Cascavel. Mãe, avó e filho viajavam rumo à Venezuela e à Colômbia, onde pretendiam se estabelecer. Levaram também a cachorrinha Luna.
Assentos: 8B, 10C e 8A
Laiana Vasatta
Advogada Laiana Vasatta dava dicas de direito da aviação nas redes sociais
Instagram/Reprodução
Advogada especializada em direito da aviação, morava em Cascavel. Estava em viagem de lazer antes do casamento.
Assento: 13D
Rafael Fernando dos Santos e Liz Ibba dos Santos
Rafael Fernando dos Santos e Liz Ibba dos Santos passariam o dia dos pais em Florianópolis
Arquivo pessoal
A menina Liz tinha 3 anos. Morava em Cascavel com a mãe e viajava com o pai para Florianópolis.
Assento: 7B e 7A
Maria Valdete Bartnik e Renato Bartnik
Maria Valdete Bartnik e Renato Bartnik
Reprodução/TV Globo
Casal de Cascavel. Pais de quatro filhos, embarcaram para tentar retomar a alegria após a perda de um dos filhos.
Assentos: 9B e 9A
Mariana Comiran Belim e Arianne Albuquerque Estevan Risso
Arianne Albuquerque Estevan Risso e Mariana Comiran Belim eram residentes de oncologia clínica do Hospital do Câncer Uopeccan
Uopeccan
Mariana Comiran Belim era residente de oncologia clínica no Hospital do Câncer de Cascavel (Uopeccan) ao lado da colega e amiga Arianne Albuquerque Estevan Risso. Arianne também era moradora de Cascavel e tinha 34 anos. Desde os 9 sabia que queria ser médica de UTI. As duas viajavam juntas para um congresso de oncologia em São Paulo.
Assento: 7D e 7C
>>> Mais sobre Arianne: Mãe de médica morta em tragédia da Voepass lidera mobilização de familiares das vítimas: 'Finjo todos os dias que ela ainda está cuidando dos doentes'
Mauro Bedin
Mauro Manoel Bedin trabalhou por 33 anos na Sanepar; empresa lamentou a morte
Sanepar
De Guaíra, tinha 63 anos e trabalhava na companhia de água. Vivia uma nova fase, com planos de aposentadoria.
Assento: 12A
Mauro Sguarizi
Produtor musical Mauro Junior Zezkouski Sguarizi é uma das vítimas da queda do avião
Arquivo Familiar
Natural de Foz do Iguaçu, morava no Recife. DJ, viajava com frequência ao Paraná para ver a mãe e buscar equipamentos no Paraguai.
Assento: 16A
Miguel Arcanjo Rodrigues Júnior
Segundo os familiares, Miguel Arcanjo adorava pescar
Arquivo pessoal
De Cascavel, trabalhava como agente de fiscalização em parque nacional de Angola. Deixou legado com seu nome em uma embarcação do local.
Assento: 4B
Rafael Alves
Rafael era executivo de vendas em Cascavel
Arquivo pessoal
Executivo de vendas de 27 anos, morava em Cascavel. Estava de férias e era conhecido pela gentileza e alegria.
Assento: 6D
Rosangela Maria de Oliveira
Rosangela Maria de Oliveira não pôde conhecer neto que deve nascer no fim do mês
Arquivo Familiar
Mãe de quatro filhos, morava em Guaíra. Viúva desde 2022, criou os filhos sozinha. Sua ausência provocou mudanças profundas na família.
Assento: 12C
Sarah Sella Langer
Sarah era uma das vítimas do desastre da Voepass
Arquivo pessoal
Médica pediatra. Atendia no Pronto-Socorro do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) em Cascavel.
Assento: 14C
Silvia Cristina Osaki
Silvia era professora da UFPR
Arquivo pessoal
Professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Palotina, atuava em zoonoses e saúde pública. Ajudou em campanhas contra dengue e enchentes.
Assento: 4D
Simone Mirian Rizental
Simone foi uma das vítimas do desastre da Voepass
Arquivo pessoal
Professora na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Cascavel e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Foi homenageada por colegas e ex-alunos nas redes sociais.
Assento: 5B
O acidente
Imagem feita por drone mostra trabalho das equipes de emergência em local da queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP), em 10 de agosto de 2024.
Carla Carniel/ Reuters
O avião da Voepass decolou de Cascavel às 11h58, com 18 minutos de atraso. O pouso em Guarulhos estava previsto para as 13h50, mas a aeronave caiu ao sobrevoar Vinhedo (SP), a menos de 30 minutos do destino final.
Todas as 62 pessoas a bordo morreram. Entre os passageiros, 35 eram do Paraná — 22 de Cascavel e cidades vizinhas.
As causas do acidente seguem sob investigação pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e pela Polícia Federal.
Segundo o Cenipa, havia condições para formação de gelo severo na rota, com temperaturas chegando a -50 °C.
As investigações apontam que o acúmulo de gelo nas asas comprometeu a sustentação da aeronave, que perdeu velocidade e despencou após uma curva acentuada para a direita — momento considerado crucial antes do início do procedimento de pouso.
Ainda conforme os investigadores, há indícios de falha no sistema que remove o gelo das asas. Segundo uma testemunha ouvida pelo g1, um comandante que pilotou o mesmo avião na madrugada do acidente relatou verbalmente a falha, mas a ocorrência não foi registrada no diário de bordo.
“Se o registro tivesse sido feito, a aeronave não poderia ter voado em uma rota com risco de formação de gelo”, afirmou um ex-funcionário sob condição de anonimato.
O Cenipa também apura por que os pilotos não declararam emergência nem reduziram altitude, medidas recomendadas pelo manual da aeronave após sinais de alerta.
“Mesmo com equipamentos falhando, existem procedimentos para evitar acidentes”, afirmou o brigadeiro Moreno, especialista ouvido durante as investigações.
Empresa cassada
Anac suspende voos da Voepass por violação de normas de segurança
Jornal Nacional/ Reprodução
Após o acidente, surgiram denúncias sobre falhas na manutenção de aeronaves da Voepass, incluindo o uso de peças de aviões sucateados.
Em junho deste ano, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) cassou definitivamente o certificado de operação da empresa, após constatar que sete aeronaves sem condições de voo operavam normalmente.
Para os familiares das vítimas, a cassação foi um passo importante. Uma associação foi criada para acompanhar as investigações e cobrar justiça.
Os relatórios finais do Cenipa e da Polícia Federal devem ser divulgados até o fim de 2025.
O que diz a Voepass
Em nota, a Voepass afirmou que a queda do voo 2283 foi o episódio mais difícil da história da empresa e que, um ano depois, continua solidária às famílias das vítimas e "compartilhando uma dor que permanece presente em nossa memória".
Confira a nota na íntegra:
"No dia 9 de agosto de 2024, vivemos o episódio mais difícil de nossa história. A queda do voo 2283, na região de Vinhedo (SP), resultou em perdas irreparáveis. Um ano depois, seguimos solidários às famílias das vítimas, compartilhando uma dor que permanece presente em nossa memória. Em mais de 30 anos de operações na aviação brasileira, jamais havíamos enfrentado um acidente.
A tragédia nos impactou profundamente e mobilizou toda a nossa estrutura, humana e institucional, para garantir apoio integral às famílias, nossa prioridade. Nas primeiras horas após o acidente, formamos um comitê de gestão de crise e trouxemos profissionais especializados — psicólogos, equipes de atendimento humanizado, autoridades públicas, seguradoras, além de suporte funerário e logístico.
Temos atuado de forma transparente junto às autoridades públicas e seguimos fortemente dedicados a resolução das questões indenizatórias o quanto antes, neste aspecto com estágio bastante avançado das indenizações restantes. Mantemos o suporte psicológico ativo e continuamos apoiando homenagens realizadas pelas famílias ao longo deste ano. Nos solidarizamos com toda a forma de homenagem às vítimas do acidente.
Sobre a apuração das causas do acidente, reiteramos nossa confiança no trabalho do Cenipa, com o qual temos colaborado desde o início das apurações, e reforçamos que a investigação de um acidente aéreo é um processo complexo, que envolve múltiplos fatores e requer tempo para ser conduzida de forma adequada. Somente o relatório final do Cenipa poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido.
Cabe lembrar que o relatório preliminar divulgado pelo órgão em setembro de 2024 confirmou que a aeronave do voo 2283 estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido, e com todos os sistemas requeridos em funcionamento. A atuação da empresa esteve sempre pautada em padrões de segurança internacionais, contando inclusive com a certificação IOSA, um requisito de excelência operacional emitido apenas para empresas auditadas IATA, além de ter o acompanhamento periódico da Anac como agência reguladora. Em três décadas de atuação, em um setor altamente regulado, a segurança dos passageiros e da tripulação sempre foi a prioridade máxima da companhia.
Agimos sempre com responsabilidade, humanidade e empatia. Nossa solidariedade permanece firme e com respeito e sensibilidade a dor dos familiares das vítimas, e com toda a sociedade brasileira."
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